sábado, 28 de dezembro de 2013

Abrindo uma Conta no Exterior

Como disse anteriormente, na minha humilde opinião, os principais requisitos para alguém que quer investir no exterior são: ter (bastante) tempo pra explorar o novo mundo, e ter pelo menos USD 30k para poder enviar de cara, na abertura da conta (esse valor depende da corretora).
Uma vez decidido e satisfeitos os pré-requisitos, o primeiro passo para começar a investir no exterior é escolher a corretora. A abertura é relativamente simples e pode ser toda feita online.
Estou me limitando apenas a corretoras americanas, e existem bons motivos pra você não querer mais do que isso. Cito dois deles:

- Listagens duplas (ações de outros lugares que também são listadas nos EUA, como nossas petrobras, vale, itaú, etc.). Você pode comprar Toyota e Shell nos EUA, apesar de elas serem listadas em Tokyo e Londres/Amsterdã.
- O maravilhoso, fantástico, sensacional e incrível mundo dos ETFs. Existe uma infinidade de ETFs nos EUA com ações europeias e asiáticas. Através deles, você pode até comprar títulos da dívida do Vietnã ou ações da Nigéria. Precisa ir mais longe que isso?

Escolher a corretora é uma grande chatice inicial, mas compensa a pesquisa. Uma lista +- delas com reviews pode ser encontrada aqui. Pesquisem.
Duas coisas vão ficar evidentes logo de cara: várias corretoras não aceitam estrangeiros nem explicitam quando for o caso, e as tarifas para operações são maiores que as das corretoras daqui. O jeito é mandar e-mail e perguntar pra qual você interessa. A regra geral é a mesma daqui: quanto mais barato, mais impessoal o atendimento. O número de grandes corretoras também parece ser menor que o daqui. As maiores/populares corretoras são Fidelity, Scotttrade, etrade, TD Ameritrade e Schwab.  Logo de cara elimine a maior: Fidelity não aceita estrangeiros. Se a memória não falha, todas essas outras aceitam, apesar de não explicitarem no site. Não bastasse ter que escolher a corretora, cada uma oferece vários tipos de contas. Não conheço os detalhes das contas tipo IRA, Roth, mas sei que são para aposentadoria. Procurem a conta Individual ou coisa semelhante. Agora, tem que escolher o plano. Aí entra a parte do valor mínimo de USD30k. Algumas corretoras exigem apenas 1k para abertura, porém a conta fica limitada, muitas vezes apenas ao velho buy&hold e a poucos trades por semana. Permissão para short, opções, etc., em geral, vem com um depósito de pelo menos USD 25k, variando entre elas. Daí, basta seguir o protocolo, inserir os dados e preencher o W-8BEN (formulário da receita america, IRS, para estrangeiros que não exercem atividade econômica lá).
Agora, basta ativar a conta fazendo uma ordem de pagamento para corretora. Para executar essa operação, eu tive que informar a origem do dinheiro (para isso entreguei uma cópia da minha declaração de IR do ano anterior), e fazer uma declaração explicando o objetivo da transferência ("investimento de curto ou longo prazo em bolsa"). Acabei fazendo essa transferência através da própria corretora que uso pra bovespa, que também é corretora de câmbio, pois a mesma cobrava mais barato que os bancos que procurei, tanto na tarifa da operação quando na cotação do dólar. É legal que, feito esse depósito, não tem burocracia. Pode shortear e operar opção descoberto sem dó.

Agora é só alegria!

PS: certamente isso está longe de - nem pretende - ser um manual para todo o processo. Analisar as opções consome bastante tempo. A medida que mais dúvidas e informações minhas ou de outros colegas forem aparecendo, eu vou editando o post. Quem sabe no futuro isso aqui não se torna uma referência?

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Vantagens e Desvantagens de Investir no Exterior


Apesar de o mercado financeiro brasileiro ser relativamente desenvolvido, ele parece um bebê perante aos mercados internacionais. Para comparação, na Bovespa estão listadas cerca de 400 empresas, com valor de mercado de USD 1 trilhão. Já na NYSE (bolsa de Nova Iorque, aquela em Wall Street), temos mais de 2300 empresas com valor acima de USD 16 trilhões. Na NASDAQ (bolsa que concentra empresas de "tecnologia"), temos outras 2500 com valor acima de USD 4 trilhões. Na TSE (Tokyo), mais de USD 3 trilhões. Na LSE (Londres), outros 3 trilhões. Por quê nos limitarmos a um pedaço tão pequeno do mundo financeiro?
Para tentar convencê-lo, vou apresentar o que vejo como as principais vantagens e desvantagens de se investir no exterior.

Desvantagens

São basicamente três, sendo as duas primeiras muito mais relevantes que a ultima:

- Risco regulatório e fiscal: ficar longe do seu dinheiro pode ser perigoso (vide os russos que perderam seus depósitos no Chipre). Apesar disso, acho que o maior risco ao se repatriar o capital vem do próprio lado brasileiro do que do país onde você pretende investir, hehehe. Investindo no exterior você também vai complicar sua declaração de impostos. Isso merece um futuro post exclusivo.
- Risco Cambial: você vai ter que comprar, no mínimo, dólares. Por um breve período, meu patrimônio consistia ao mesmo tempo de dólares (USD), euros (EUR), ienes(JPY) e dólares de Hong Kong (HKD). Isso não é bom, e a menos que você queira sair do Brasil, faz-se necessário algum hedge cambial. Dá trabalho, e também merece um post exclusivo.
- Elevado custo das remessas internacionais de capital. Pela minha curta experiência, enviar ou receber uma soma significativa (acima de USD 10k) custa algo em torno de 200-300 reais.

Vantagens

Impossível listar tudo. É um novo mundo que se abre. As que vem em mente são:

- Diferentes tendências internacionais. Enquanto o ibovespa segue 2013 com -15%, o S&P500 segue com mais de +25%. É muito mais fácil ganhar numa bolsa com tendência duradoura.
- Contratos futuros do que você quiser. Um pequeno investidor caseiro pode operar contratos de ouro, prata, petróleo, praticamente qualquer índice (S&P500, ibovespa, nikkei225, etc.), euro, iene, rupia indiana, real brasileiro, juros dos títulos americanos de qualquer duração, índices imobiliários, enfim, o que você quiser.
- Liquidez para tudo quanto é ativo. Os inúmeros market-makers nos EUA oferecem liquidez para ativos e derivativos (opções) com baixíssimos spreads para praticamente tudo.
- Renda fixa: você pode investir na renda fixa(bonds) de qualquer país e inúmeras empresas (é claro que isso não se presta como grande vantagem atualmente rsrs, mas existem opções extremamente interessantes, especialmente praqueles que já tem a IF).
- Day-traders: aos assalariados que tem outros compromissos mas ainda tentam a sorte nesse mundo do puro day-trade via análise técnica, pode-se operar 24h por dia em inúmeros mercados diferentes.
- Aqui, talvez, o meu favorito: o maravilhoso mundo dos ETFs (não se resumem em BOVA11!).

Existem inúmeras outras vantagens que serão mostradas aqui ao longo do tempo. Porém, pelas características acima, vemos que existe alguns perfis de pessoas que se adequam mais ao investimento no exterior. Acredito que para valer os custos é necessário uma quantia mínima de USD30k. É necessário também bastante curiosidade e tempo disponível, além de uma boa tolerância ao risco. Acredito que no futuro quando os juros brasileiros estiverem em patamares mais alinhados ao mercado internacional, a renda fixa internacional se tornará uma excelente opção, principalmente pra quem tem a IF.

Apresentação e Motivação

                 

 Bolsas mundo afora


O objetivo desse blog é compartilhar minha experiência nos mercados internacionais. Espero que com isso consiga estimular mais pessoas a fazerem o mesmo e trocarmos experiências.

Mais um blog de finanças? Bem, apesar de hoje ser relativamente comum encontrarmos pessoas que investem na bolsa de valores(BM&F Bovespa), eu nunca encontrei pessoalmente alguém com experiência em outros países, e é esse o espaço que pretendo preencher com esse blog. Pretendo mais apresentar os aspectos dos mercados do que ficar publicando meu portfolio pessoal (até porque não tenho atualmente nenhuma posição para longo prazo). Meu foco será obviamente o mercado americano, mas nada impede de eventualmente postar algo sobre o asiático ou europeu.

Quanto ao meu perfil, tenho um interesse insaciável pelo mercado financeiro, e atualmente faço apenas operações de swing-trade, raramente ficando posicionado por mais de 1 mês. Faço poucas operações, e estou esperando por um timing melhor para assumir posições mais longas e retirar meu capital quase totalmente alocado na renda fixa. Tenho de 25-30 anos, sou um assalariado de exatas trabalhando num setor de energia, com um patrimônio de brl 100-300k, morando numa cidade brasileira média-grande, com custo de vida médio-alto.